A Pastoral da Juventude marcou presença na XXIII Assembléia Arquidiocesana de Pastoral realizada nos dias 27 e 28 de novembro de 2015 em Mariana. Os jovens presentes, vindo das diversas regiões da arquidiocese, participaram ativamente dos debates para a construção do Texto Base do novo Projeto Arquidiocesano de Evangelização (PAE) 2016-2020.
Encerrada a XXIII Assembleia a juventude de vários Grupos de Base da PJ se reuniu no Terminal Turístico de Mariana a fim de refletirem o tema e lema propostos para o Dia Nacional da juventude - 2015 e, em rodas de conversa, escreveram uma carta compromisso a fim de responder aos desafios que a sociedade nos aponta principalmente referente ao Meio Ambiente, à nossa Casa Comum, sinalizando atitudes que podem contribuir para a "Construção de uma Nova Sociedade".
Com o objetivo de fortalecer o sentimento de pertença à arquidiocese, este ano, o Dia Nacional da Juventude foi comemorado juntamente ao Dia da arquidiocese, evento que comemorou os 270 anos de criação de nossa arquidiocese, os 265 anos de fundação do seminário São José e os 50 anos do encerramento do concílio vaticano II.
A tradicional caminhada do DNJ, sempre marcada pela alegria, dinamismo, festa e atos públicos, desta vez deu lugar a uma caminhada silenciosa, reflexiva e orante em solidariedade, respeito, memória e homenagem às vítimas do rompimento das barragens.
Foi um momento rico de comunhão e participação marcados pela emoção do reencontro dos jovens dos grupos de base com todo o povo de Deus pertencente à Arquidiocese de Mariana e pela alegria em fazer parte efetivamente do processo de Evangelização de nossa Arquidiocese.
Confira a carta compromisso que a Pastoral da Juventude
“Estou no meio de vós como aquele que
serve” (Lc 22, 27)
É tempo de bendizer e dar graças a
Deus pelos 270 anos de caminhada em defesa e promoção da vida realizada pela
Arquidiocese de Mariana. A Arquidiocese de Mariana tem como fonte de inspiração
e orientação a fé de Jesus, assim como seu projeto e experiências de vida,
sobretudo suas atitudes e experiências frente aos desafios promovidos pelas
diversas formas de desigualdades e exclusão, que são instrumentos utilizados
para exterminar vidas. Jesus Cristo a
partir de seu exemplo, nos deixa claro a importância de ter coragem e coerência
ao enfrentar os doutores da lei, que usam seu poder de dominação para
marginalizar, explorar e oprimir o povo mais empobrecido. Jesus convoca e a
nossa Igreja acolhe o pedido de defender a vida e com atenção especial as minorias
e os povos mais sofridos. Essa atitude torna a Arquidiocese de Mariana
uma Igreja pastoral, missionária e a serviço.
É nesta perspectiva de comunhão e
serviço, que a Pastoral da Juventude, celebra juntamente ao Dia da
Arquidiocese, o Dia Arquidiocesano da Juventude, à luz da aliança que consolida
a ação pastoral de uma igreja viva, que reconhece o povo como bem mais
precioso.
Esta sintonia abarca, também, a luta
pela construção de uma nova sociedade, onde todos os povos tenham seus direitos
e suas culturas respeitadas, e o meio ambiente seja compreendido em sua
essência como espaço comum das relações sociais e ambientais que brotam vida e
que necessita cuidado para garantir a vida das gerações futuras.
No entanto, é necessário que nos
unamos quanto igreja particular de Mariana no enfrentamento as mazelas
socioambientais, que em larga escala são frutos da ganância pelo acumulo de
capital e pela busca incessante pelo poder, essas atitudes egoístas são as principais responsáveis pelo
derramamento de sangue e por causar feridas profundas em nossa casa comum – Em
nossa Mãe Terra.
É neste sentido que podemos afirmar que a Terra Mãe chora em dores de parto.
Estamos vivendo tempos difíceis, não se pode negar. Situações extremas,
lamentáveis, que causam uma tristeza profunda em todos nós. O pior é saber que
todo esse sofrimento poderia ter evitado. A terra mãe chora cada vez que suas
pequenas nascentes secam, chora quando suas planícies verdes se tornam grandes
vazios, chora quando suas curvas são solapadas em prol da ganância do homem. A
terra mãe chora, a terra mãe suplica pelo nosso carinho e cuidado; seu grito já
não pode ser ignorado, não pode ser interpretado como algo pontual ou
passageiro, já passa da hora de agirmos!! E agora Mariana? O que fazer com o
que sobrou? Que respostas daremos às vidas, sonhos e esperanças que foram
ceifadas? O que fazer quando a ganância humana supera o amor que devíamos ter
uns aos outros, assim como nos foi dito? A terra mãe chorou, a lama levou vidas
e sonhos, e se arrastou por rios levando consigo as belezas que tínhamos e
usufruíamos gratuitamente. E agora? É a hora de nos posicionarmos enquanto
juventude que luta dia-a-dia por uma civilização justa, fraterna e igualitária.
É hora de defendermos o que é de todos
nós, porque não há felicidade plena para mim se o outro chora, se o outro
sofre.
E é por isso que, reunidos/as neste
dia especial para nossa arquidiocese, perante todo o povo de Deus desta Igreja
particular, comprometemo-nos a:
- Apoiar, juntamente com as outras
pastorais e movimentos da Arquidiocese, as ações empreendidas junto aos
atingidos pelo rompimento das barragens, tendo o MAB como referência;
- Assumir de maneira efetiva nosso
protagonismo na luta por nossos direitos e na ajuda da recuperação de rios
e matas;
- Participar dos eventos em defesa
dos direitos humanos e fazer memória aos riscos sociais e ambientais
gerados pela ganância e pela exploração desenfreada, com atenção especial
aos promovidos pela Dimensão sociopolítica de nossa Arquidiocese;
- Mobilizar nossas comunidades para
refletir sobre os direitos universais;
- Promover debates em nossos Grupos de Base
a fim de que cada jovem reflita acerca da construção de uma sociedade
justa e fraterna como alternativa à
sociedade exploratória em que vivemos;
- Agir em nossas comunidades com
profetismo denunciando as ações predatórias causadas pelo homem no meio
ambiente;
Que Nossa Senhora da Assunção e São José,
padroeiros de nossa Arquidiocese interceda junto a Jesus Cristo, nosso
libertador, para que abençoe na nossa
missão.
Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Mariana
Mariana, 28 de novembro 2015
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