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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Jovem Bruna Monalisa fala sobre a Jornada Mundial da Juventude

Saindo das terras mineiras da Arquidiocese de Mariana, as jovens Bruna Monalisa, de Ouro Preto, e Daniela Calazans, de Porto Firme, atravessaram o Atlântico para representar a Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Mariana na última Jornada Mundial da Juventude, em Madrid, na Espanha, nos últimos dias 16 a 21 de agosto. Elas compuseram uma delegação de mais de 15 mil jovens brasileiros, a maior já enviada à jornada desde a sua primeira edição, em 1985, quando o evento foi criado pelo então papa João Paulo II.

Olha nossas jovens aí! (Da esquerda para a direita, Daniela e Bruna)

Juntas, puderam participar de momentos muito especiais, marcados principalmente pela visita do papa Bento XVI, que falou bonitas palavras à juventude, e ainda anunciou oficialmente que a próxima jornada, marcada para 2013, será em nosso país, na cidade do Rio de Janeiro. Mesmo na Espanha, as duas trataram de nos deixar informados sobre as dificuldades e alegrias enfrentadas, mas, envolvidas em tantas atividades, nem mesmo tiveram tempo de contar muitas coisas. Agora, depois de um tempo de descanso, e de volta a terras brazucas, as duas puderam dar entrevistas a nossa Agência de Notícias, partilhando um pouco do que viveram por lá.

Neste post, você confere a entrevista de Bruna, que atualmente assume a função de articuladora arquidiocesana da Pastoral da Juventude. Ela destaca que os dias de Jornada foram marcados por fortes momentos de fé e de contato com a cultura do outro, além de muita saudade do próprio povo e da prória juventude.

 Bruna (no canto direito) junto com outros participantes da JMJ

“É uma sensação de grande alegria, ver jovens de todos os cantos do mundo animados e envolvidos com o anuncio do evangelho. A juventude é uma das fases mais criativas da vida humana, repleta de sabedoria e emoções... Imagina esse povo todo junto, é uma explosão se sentimento e diversão!”, destacou.
Confira a entrevista completa!



Para começar, como foi a experiência de sair das terras marianas para conhecer outro país?

Essa oportunidade de atravessar o Oceano Atlântico , sair da América, sair do nosso amado Brasil e ir ao encontro de jovens do mundo inteiro em Terras Europeias é sem dúvida um grande presente, bem como uma caixa de surpresa, pois o novo é sempre um desafio.

Essa é sem dúvida uma experiência ímpar, confesso que por diversas vezes antes e durante a viagem me deu vários frios na barriga, muita ansiedade misturada com alegria e curiosidade. Ficava pensando, saí de um país em desenvolvimento e ir para um país desenvolvido, um país que segundo a mídia passa por um momento de crise, saio de uma realidade onde predomina a religião católica, onde se come pão de queijo, arroz com feijão e toma café com leite, para uma realidade bem diferente, tudo isso sem contar a comunicação, mesmo porque o espanhol nos engana bem, não é fácil como parece, e o portunhol pode nos colocar em situações constrangedoras.

E é importante ressaltar que essa experiência só foi possível pelo apoio e incentivo da nossa arquidiocese e de forma muito especial da nossa amada Pastoral da Juventude, pois em todos os momentos meu pensamento remetia as terras marianas, a nossa linda juventude, ao nosso povo sofrido e cheio de esperança. Pois, mais importante que cruzar o Atlântico é levar da nossa terra o nosso jeito de ser e fazer igreja, e aprender com os europeus o que há de bom no jeito deles de ser e fazer igreja, pois a troca de experiência contribui para o nosso crescimento. Sem contar que a diversidade cultural é algo encantador.


Conte um pouco sobre o que rolou lá na JMJ...

Na verdade, a JMJ começou para nós na pré-jornada ocorrida na cidade de Valencia. Passamos uma semana fazendo algumas peregrinações por esta cidade que nos acolheu, uma acolhida diferente da qual estamos habituados, ficamos em um grande ginásio e nossa cama era nosso saco de dormir, e os nossos banhos bem geladinhos.

Durante essa semana, foi possível conhecer melhor a própria realidade da juventude católica brasileira, em especial da região sudeste do Brasil, visto que ficamos todos num mesmo espaço, partilhamos a vida, trocamos experiências e nos alimentamos do famoso Pão com jámom e suco de Melocotón ao longo desses dias.

Momentos de partilha com os amigos de outros países também foi possível, neste caso com os campanheiros/as Austríacos. A comunicação não era muito fácil, mas sempre dava-se um jeito de se fazer entender... o mais legal é que no grupo dos Austríacos havia um jovem que tinha feito um intercambio no Brasil por um ano e falava português, sendo ele um grande facilitador dos diálogos.

A pré-jornada em alguns aspectos não foi como imaginei, visto que não foi possível um contato maior com a realidade da arquidiocese de Valencia, senti falta de estar junto com o povo, conhecendo e partilhando as experiências da vida em comunidade.

Fomos também conhecer as praias de Valencia, olha que não foi uma simples praia,  foi “a” praia... pois, foi possível tomar banho nas águas do Mar Mediterrâneo, coisa linda de se ver.

Outra coisa linda de se ver foi a Missa dos Peregrinos, onde uma multidão de jovens se reuniu para celebrar a eucaristia, numa celebração em varias línguas, mas de um jeito muito europeu é claro. Teve também a reza do terço Mariano na praia, foi bem legal, o cenário do por do sol abrilhantou esse momento. Como a natureza é bela!

Mas de todos os momentos da Pré-Jornada, o que eu mais gostei, além de conhecer vários edifícios de beleza intensa, foi dialogar com jovens de diferentes realidades e culturas, encontrar amigos que ficarão sem dúvida eternizados. Em Madrid, não posso deixar de lembrar a visita a Catedral, Museu do Prado, Teatro, passeios pelas belíssimas praças e etc...

Da JMJ mesmo, os pontos altos foram, sem dúvida,  a Via Sacra, a Oração de Taizé e a Vigilia. Fizeram parte também os banhos gelados  a céu aberto numa escola, e o dormitório (ginásio) mais que coletivo. Em Madrid, a saudade da minha Arquidiocese, dos meus amigos/as e da minha família já era grande, sem contar a saudade da comida brasileira, né?

Em uma das belas igrejas de Madrid, preparada para momentos de oração coordenados pela comunidade ecumênica de Taizé foi onde encontrei aconchego... Nossa.. quando vi aquele ambiente, com velas, flores, bíblia colocadas no chão, e as pessoas também sentadas no chão, meu coração vibrou de alegria. Não sei nem explicar, mas me senti mais próxima de todos/as. Quando começou a oração me sentia cada vez mais à vontade, meio que em casa, para mim este foi um dos momentos mais marcantes da JMJ.

Outra coisa interessante, foi cantar e dançar com o jovens espanhóis voluntários que batucavam pelas praças e cantavam lindamente suas canções populares, e assim pudemos ensiná-los um pouco de nossa dança, através do samba, E é claro tive que partilhar o canto e a dança do Nego Nagô, foi uma momento divertido.


Qual foi a sensação de estar no meio de tanta gente ao mesmo tempo, num evento tão marcante para a caminhada da juventude católica no mundo?
É uma sensação de grande alegria, ver jovens de todos os cantos do mundo animados e envolvidos com o anuncio do evangelho. A juventude é uma das fases mais criativas da vida humana, repleta de sabedoria e emoções, imagina esse povo todo junto, é uma explosão se sentimento e diversão. É um momento de grande riqueza cultural.

É sim um evento marcante para a caminhada da juventude, mas acredito que ainda precisar ter mais a cara da Juventude, visto que no universo católico tem lindas expressões juvenis que ficaram escondidas na JMJ. Senti falta das expressões populares, dos gritos da juventude, do jeito criativo de celebrar.

Espero que na próxima JMJ a juventude possa participar da construção de forma mais ativa, visando garantir que a ela represente realmente a juventude católica, uma juventude  que luta dentro das comunidades defendo e promovendo a vida, apresentando o jeito jovem de ser presença viva na Igreja, levando o mundo a perceber o Divino no Jovem.

Algum acontecimento especial que você gostaria de destacar?

O dia mais difícil nas terras espanholas, um dia de testar nossa resisntencia.... O momento mais bonito. A Vigília foi um dos momentos mais esperados de toda a JMJ. Se foi  para testar a Fé do jovem eu não sei, mas passar aproximadamente 12 horas numa temperatura de 40ºC, num lugar que sombra, só pra rei,e água gelada era luxo, não foi fácil sobreviver. Mas alimentados pela fé conseguimos!

Assim, os momentos que antecederam a Vigília foi também momento de intensificar os laços de amizade, visto que era preciso um cuidar do outro... foi lindo ver jovens de diferentes nacionalidades se ajudando e se ajuntando. Pois ali estávamos, firmes aguardando o nosso Papa.

Como se não bastasse o calor de 40ºC durante todo o dia, com a chegada da noite veio à chuva, o vento e o frio.  Mas a juventude canta, dança e se diverte, num toque, num abraço e num sorriso. Esse 21 e 22 de agosto foi sem dúvida, dias de grande importância na minha vida de fé. 

Foi lindo ver  centenas e centenas de bandeiras balançando no ritmo do vento, cobrindo e aquecendo o corpo dos jovens, principalmente porque muitos se cobriam e balançavam bandeiras de outros países, sendo este um indicativo de muita integração entre os jovens de diferentes nações entre essas nações não havia advesários e sim jovens e na sua maioria missionários.

O momento específico da vigília foi curto, mas cheio de sentido, foi lindo. O nosso Papa é sem duvida um ser iluminado.


Por aqui, foi muito divulgada na TV a comemoração da caravana brasileira no momento do anúncio do papa de que a próxima JMJ será no Brasil... onde vocês estavam na hora? Como foi receber essa notícia?

Estávamos em Cuatro Vientos, junto aos jovens de todo nosso Brasil, ansiosas aguardando aquela notícia. O coração bateu acelerado, mistura alegria e até mesmo um pouco de medo: “nossa, será mesmo no Brasil!” Será uma oportunidade de muitos jovens brasileiros vivenciarem essa experiência, logo pensei no grupo de base que participo, pois muitos poderão participar e se alegrarão com essa notícia.

Contudo, fiquei pensando como seria o Rio de Janeiro com mais de 2 milhões de jovens, como seria a acolhida, o transporte... logo pensei de como seria a estrutura para acolher bem toda juventude...
Mas o que falou mais forte, foi a esperança de que a JMJ 2013 seja construída respeitando a pluralidade e que a juventude participe de verdade da construção e que as coordenações busquem ser democráticas e não autoritárias, e que façam parte do processo de construção pessoas realmente comprometidas e apaixonadas pela juventude, com a proposta de uma Igreja que seja povo e não seja massa. Que seja amplamente valorizada a missionaridade e a mística juvenil, respeitando a diversidade.


O que de mais forte vocês trazem de Madrid para a nossa Arquidiocese?

Realmente a beleza de Madrid é simplesmente fantástica, mas nada se compara a nossa linda arquidiocese. Conversei com alguns jovens voluntários de Madrid, que relataram o desejo de participar de grupos que possibilitam ao jovem discutir e partilhar a vida em todas as suas dimensões. Segundo eles, há pouquissimas organizações de juventude na igreja em Madrid e nenhuma tem esse caráter que fomenta a partilha, formação e participação juvenil na igreja e na sociedade.

Assim trago de mais forte, a partir destes relatos o desejo de expandir a Pastoral da Juventude para todas as nossas comunidades, e o sonho de ver a Igreja Católica do mundo inteiro fazendo a opção pelos jovens, mas uma opção verdadeira para além  do papel e das palavras bonitas, sendo pautada na realidade e na diversidade.

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